O papa Francisco disse que a catequese deve ser uma obra de evangelização com o olhar fixo no mistério eucarístico, hoje, 17 de setembro, durante o encontro “Catequese e catequistas para a nova evangelização” organizado pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização.
O papa discursou na Sala Clementina do Vaticano e disse aos participantes do encontro para “observar como o grande compromisso da catequese pode ser eficaz na obra evangelizadora se o seu olhar se mantém fixo no mistério eucarístico”.
“Não podemos esquecer que o lugar privilegiado da catequese é precisamente a celebração eucarística, onde irmãos e irmãs se reúnem para descobrir, cada vez mais, os diferentes modos como Deus está presente nas suas vidas”, disse o papa.
Ele lembrou do encontro com os bispos, sacerdotes, religiosas e catequistas na catedral de são Martinho, em Bratislava, onde afirmou que “a evangelização não é jamais uma mera repetição do passado” e citou o exemplo dos “grandes santos evangelizadores, como Cirilo e Metódio, como Bonifácio, que foram criativos, com a criatividade do Espírito Santo”.
“Abriram novos caminhos, inventaram novas línguas, novos alfabetos, para transmitir o Evangelho, para a inculturação da fé. Isso exige saber ouvir as pessoas, ouvir os povos aos quais se anuncia: ouvir a sua cultura, a sua história. Ouvir, não de forma superficial, pensando já nas respostas pré-fabricadas que levamos na pasta. Não! Escutar realmente e confrontar essas culturas, essas línguas, inclusive, e sobretudo, o não dito, o não expresso, com a Palavra de Deus, com Jesus Cristo, o Evangelho vivo”, disse Francisco.
Ele perguntou: “Não é essa a tarefa mais urgente da Igreja entre os povos da Europa?” Francisco disse que “a grande tradição cristã do continente não deve tornar-se uma relíquia histórica. Caso contrário, não será mais uma ´tradição`. A tradição está viva ou não. E a catequese é tradição, é um tradere. Mas é tradição viva, de coração a coração, de mente a mente, de vida a vida. Portanto: apaixonados e criativos, com o impulso do Espírito Santo”.
“Tenho medo dos catequistas com o coração, a atitude e a face ´pré-cozidas`”, disse Francisco, e afirmou que “o catequista é livre ou não é catequista” porque ou “o catequista se deixa interpelar pela realidade que encontra e transmite o Evangelho com grande criatividade, ou não é catequista. Pense bem sobre isso”.
Ministério de catequista
Depois, o papa Francisco falou da instituição do ministério laical de catequista, em maio de 2021, para que “a comunidade cristã sinta a necessidade de despertar esta vocação e de experimentar o serviço de alguns homens e mulheres que, vivendo a celebração eucarística, sintam mais vivamente a paixão por transmitir a fé como evangelizadores”.
“O catequista e a catequista são testemunhas que se põem ao serviço da comunidade cristã, para sustentar o aprofundamento da fé na realidade da vida cotidiana. São pessoas que anunciam incansavelmente o Evangelho da misericórdia; pessoas capazes de criar os laços necessários de acolhida e proximidade que permitem apreciar melhor a Palavra de Deus e celebrar o mistério eucarístico oferecendo frutos de boas obras”, afirmou o pontífice.
Francisco disse que lembra com carinho das duas catequistas que o prepararam para a primeira Comunhão, com quem continuou sua relação como sacerdote e, com uma delas que ainda vive, como bispo.
“Sentia um grande respeito, inclusive um sentimento de agradecimento, sem fazê-lo explícito, mas eu sentia uma espécie de veneração. Por quê? Porque eram as mulheres que tinham me preparado para a minha primeira Comunhão, juntamente com uma freira (...) Há uma proximidade, um vínculo muito importante com os catequistas”, disse o papa.
Francisco também falou da publicação do Diretório para a Catequese e encorajou as Conferências Episcopais a “relerem o caminho da catequese como um momento em que os cristãos, que se preparam para celebrar a culminação do mistério da fé, são convidados a ir primeiro à cidade, ao encontro das pessoas, ocupadas nos seus afazeres cotidianos”.
O papa citou o novo diretório para lembrar que “a catequese não é uma comunicação abstrata de conhecimentos teóricos que devem ser memorizados como se fossem fórmulas matemáticas ou químicas. É, antes que nada, a experiência mistagógica daqueles que aprendem a encontrar os seus irmãos onde eles vivem e trabalham, porque eles mesmos encontraram Cristo, que os chamou a ser discípulos missionários”.
“Devemos insistir em mostrar o centro da catequese: Jesus Cristo ressuscitado te ama e nunca te abandona! Esse primeiro anúncio nunca pode nos encontrar cansados ou repetitivos nas diferentes etapas do caminho catequético”, pediu o papa.
Por fim, Francisco agradeceu aos catequistas que se dedicarão às crianças e jovens que “se preparam para completar o seu caminho de iniciação cristã” e rezou para que “a Virgem Maria interceda por vocês, para que sejam sempre assistidos pelo Espírito Santo”.