Uma catequese de inspiração catecumenal
Uma catequese aberta à Iniciação Cristã vai além da preparação para receber os sacramentos e produzir cristãos “adultos na fé”, engajados na vida da comunidade eclesial, comprometidos com a transformação da sociedade. Isso nos faz pensar no quanto é necessário que os catequistas sejam bem preparados, engajados na vida da Igreja, conhecedores da realidade dos catequizandos – que possam evangelizar por meio da Palavra e do testemunho.Uma
catequese assim proporciona aos catequizandos um novo sabor, uma nova alegria e
um grande desejo de fazer uma experiência do que é belo, lúdico e místico. Um
desejo de se deixar envolver pelo mistério da fé.
Qual a catequese que os adultos de hoje receberam da Igreja?
Estudo
da CNBB sobre a realidade da nossa Igreja, recorda que boa parte dos adultos
católicos foi catequizada a partir das doutrinas e da metodologia de perguntas
e respostas. Muitos deles continuam na Igreja com essa chave de leitura para a
sua vida cristã. Outros receberam um conteúdo superficial e moralizante,
através de historinhas sem relação com a vida. Ainda há aqueles que vivem sua
fé sob o impulso da tradição e da religiosidade popular, e os que receberam
influencias da Ação Católica, das CEBs e do movimento bíblico popular,
alcançando uma boa base para sua fé.
Como acontece a catequese de adultos hoje?
A
catequese de adultos, hoje, acontece por outros caminhos: Ela está nos círculos
bíblicos, nos grupos de rua, nas diversas pastorais, nos movimentos, nas CEBs,
nas novenas, terços, capelinhas, caminhadas, romarias, etc. Ainda assim, os cristãos
de hoje têm uma grande dificuldade de articular fé e vida, caminhada de Igreja
e compromisso com a transformação do mundo.
Como fazer uma catequese de inspiração catecumenal hoje?
Quando
se fala de catequese catecumenal, nos é oferecido o modelo catecumenal das
primeiras comunidades. Ele nos ajuda de forma “inspiradora”, pois não se pode
agarrar ao passado só porque lá deu certo, mas observar as realidades distintas
e diferentes de hoje.
O
caminho de amadurecimento da fé, percorrido no início da Igreja era exemplar.
Dispunha de uma metodologia com progressiva interação entre catequese,
celebração e vivência da fé.
Hoje,
não se pode falar em repetir os ritos do catecumenato antigo. Eles são como
modelo inspirador. Conhecer e aplicar sua pedagogia própria em itinerários de
educação da fé ajuda a caminhada da catequese, que precisa ir além da
preparação dos sacramentos e penetrar no conhecimento do mistério de Cristo, na
vida evangélica, na oração e celebração da fé e no compromisso missionário,
provocando uma profunda transformação interior nas pessoas.
A realidade pastoral atual
A
iniciação à vida cristã se dá pela recepção dos sacramentos do Batismo, Crisma
e Eucaristia. Na cultura atual batiza-se de criança, faz-se a Eucaristia com
idade entre 9 e 12 anos e crisma-se a partir dos 15. A formação das comunidades
cristãs como processo que insere a pessoa no mistério de Deus acaba acontecendo
como algo que se inicia e acaba ao final da recepção de cada sacramento, o que
leva a uma deformação na compreensão do significado desses sacramentos. Daí o
convite a uma formação processual e permanente, perpassando toda a experiência
pastoral da Igreja.
Percebe-se
que há muito a caminhar em vista da unidade entre uma catequese, como processo
de educação da fé, e liturgia, como celebração da fé: duas faces de uma mesma
realidade, ambas importantes e que expressam a identidade do ser cristão.
O RICA como ajuda para a Catequese com Adultos
À
luz do modelo original, mas fiel às realidades presentes, pode-se utilizar das
propostas oferecidas pelo Ritual de Iniciação Cristã de Adultos – RICA. Os
Ritos celebrativos apresentados aprofundam e fortificam o encontro com Jesus
Cristo, o projeto com o Reino e acolhem o catecúmeno na grande família que é a
Igreja. A dimensão litúrgica na catequese faz acontecer a interação fé e vida,
renovando um novo ser e um novo fazer.
Não há uma receita pronta – A catequese surge do próprio
Evangelho
A
catequese precisa surgir do próprio evangelho, que ajuda a manter viva a
identidade do cristão, e das culturas com as quais convive, pois situa cada um
nas realidades históricas, localizadas, específicas e variadas no tempo e no
espaço. Uma cultura que envolve o pensar, o sentir e o agir das pessoas ou
grupos de pessoas.
Não há uma receita pronta, acabada, da catequese. Sabe-se que ela não pode ser só transmissão de certezas, mas precisa fazer ecoar, impulsionar os participantes a uma busca, pois ela é um aprofundamento contínuo da fé. Uma catequese bem planejada e bem realizada leva à criatividade, ao acolhimento, ao diálogo, ao anúncio do Reino como Boa Notícia da verdade, da liberdade; Convida a assumir, com radicalidade, o crescimento contínuo da fé, através do mandamento novo do amor.
Neuza Silveira de Souza
Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano
Bíblico-catequético de Belo
Horizonte
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