Por Padre Reginaldo Manzotti
É interessante perceber que o ser humano, independentemente de todas as análises, todo estudo feito sobre nossa origem, todas as teorias da evolução e, não se trata de discutir se o homem veio do barro ou é descendente do macaco que evoluiu, que já não é mais a teoria vigente, mesmo partindo do princípio de que o homem veio de qualquer outra espécie, o fato é que chegou um momento e o momento de Deus, onde este animal deu um salto qualitativo, da razão, da consciência, da percepção da sua existência.
Isso é inegável, isso é latente para todos nós, a partir de uma intervenção do Criador, esse ser humano se tornou racional, fato esse que não aconteceu com nenhum outro ser do reino animal, somente com o homem. Então, o hálito, o rhuá, o sopro da vida são imagens simbólicas de uma verdade. Num determinado momento Deus interveio e nos fez como Ele quis.
Isso nos faz perceber que somos o que somos, por vontade de Deus, portanto somos uma extensão de Deus, um derramamento de Deus e por isso, temos saudade do Criador. Não é preciso nem ter uma religião, não há necessidade de rótulo, é antropológico, está em nossa natureza, em nossa essência, em nossa matéria esta busca, este anseio por Deus, como diz o Salmo 62: “A minha alma tem sede de Deus, pelo Deus vivo anseia com ardor”(Sl 62,2).
Jesus Cristo compreendeu bem e disse: “Todo aquele que ouvir o Pai e por ele foi instruído, vem a mim. Ninguém viu o Pai. Só aquele que vem de junto de Deus viu o Pai” e em seguida Jesus diz: “Eu sou o pão da vida” (cf. Jo 6,45-46.48). É como se Ele dissesse: “Vocês têm fome de Deus, fome do Divino, fome do que realmente são? Eu sou o alimento”.
A Eucaristia é o sinal do Eterno. É a presença real de Jesus que ameniza a fome e a saudade, e nos impulsiona a ir em frente e a buscá-lo sempre mais. Jesus nos nutre daquilo que somos por excelência, aquilo que nos tornamos, aquilo que fomos e um dia seremos. Nós estamos nessa peleja, todo dia, procurando nos saciarmos de Deus.
Jesus é realmente o “Mestre”, estava e está a milhares de anos à frente quando disse: “Eu sou teu alimento”. Ele estava falando desse complemento que necessitamos e só encontraremos Nele.
Nesta festa de Corpus Christi, indico a oração que, segundo a tradição, São Tomás de Aquino rezava antes da comunhão:
Ó Deus eterno e todo poderoso, eis que me aproximo do Sacramento do vosso Filho único, Nosso Senhor Jesus Cristo.Impuro, venho à fonte da misericórdia; cego, à luz da eterna claridade; pobre e indigente, ao Senhor do céu e da terra.Imploro, pois, a abundância da vossa liberalidade, para que vos digneis curar a minha fraqueza, lavar as minhas manchas, iluminar minha cegueira, enriquecer minha pobreza, vestir minha nudez.Que eu receba o pão dos anjos, o rei dos reis e o Senhor dos senhores com o respeito e a humildade, com a contrição e a devoção, a pureza e a fé, o propósito e a intenção que convém à salvação da minha alma.Dai-me que receba não só o Sacramento do Corpo e Sangue do Senhor, mas também o seu efeito e a sua força.Ó Deus de mansidão, fazei-me acolher com tais disposições o Corpo que vosso Filho único, Nosso Senhor Jesus Cristo, recebeu da Virgem Maria, que seja incorporado ao seu Corpo Místico e contado entre seus membros.Ó Pai cheio de amor, fazei que, recebendo agora vosso Filho sob o véu do Sacramento, possa na eternidade contemplá-Lo face a face.Amém.
Até a próxima postagem...